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Nice Aretê

 

Nice Aretê

Amor à cerâmica é uma das formas de descrever o trabalho artístico da cuiabana Leonice da Silva, mais conhecida como Nice Aretê. Ela sempre gostou muito de arte e cerâmica. Por isso, desde o primeiro contato com o barro, apaixonou-se. Sua história com a arte se mescla com memórias ancestrais, que por vezes aparecem em sonhos e por outros momentos surgem a partir de suas vivências, experiências e trocas com outros artistas ou também nas suas buscas por matéria prima (especialmente argila). 

Formada em Administração, com pós-graduação em Ensino e em Marketing, Nice se dedicou profissionalmente durante muitos anos à área de telefonia. Foi nesse período que ela e uma colega começaram a aprender cerâmica na comunidade de São Gonçalo Beira Rio, onde puderam ver todo o processo tradicional de produção de cerâmica – desde a coleta da argila até o acabamento da peça. 

Aprendeu com a mestra Antônia os ensinamentos básicos da cerâmica, mas, de forma autodidata, foi expandindo seus conhecimentos sobre melhores materiais, design, conceito artístico e, sobretudo, a necessidade de valorização e difusão da cerâmica mato-grossense. Afinal, diz ela: “Se a gente não valorizar essas pessoas que fazem [cerâmica], daqui a pouco não teremos mais essa tradição”. 

Por conta dessa visão que Nice sempre apreciou os encontros e as parcerias com outros artistas. Uma das primeiras pessoas que conheceu foi a ceramista Lucileicka David, que ministrou um curso em Chapada dos Guimarães, em 2013. Após essa formação, Nice e Lucileicka realizaram algumas exposições, junto a outros artistas, entre os anos de 2013 e 2015. Inclusive, desde 2014, Nice Aretê já expunha e vendia suas obras no Sesc Casa do Artesão.

Em 2016, Nice Aretê e Lucileicka foram convidando alguns ceramistas para comporem um grupo, que depois deu lugar ao Coletivo Ceramistas do Mato. A partir desse período, o Coletivo foi ganhando mais integrantes, mais visibilidade e, com isso, também participando de outros eventos, como mostras coletivas no Sesc Arsenal, entre outras exposições. Representando o Coletivo de uma forma equânime, respeitando as particularidades e as potencialidades individuais de cada ceramista, Nice diz que: “Só sei trabalhar assim: com amor, com paixão, com dedicação”.

Servidora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Nice passou a se dedicar exclusivamente à cerâmica a partir desse período. O grupo foi fundamental para que ela se aprimorasse ainda mais com a cerâmica. “Você doa, você recebe”, diz. 

Autodidata, vai pesquisando e fazendo experimentações até chegar ao resultado pretendido: uma peça mais intuitiva, com base especialmente na temática indígena. Um dia, inclusive, a artista se questionou: “por que faço tantas figuras indígenas?”. Essas figuras têm relação com seus sonhos, sendo que um deles a inspirou a escolher seu nome artístico, Nice Aretê. Sonhos que, na verdade, podem ser uma forma de acessar sua memória ancestral e, ao mesmo tempo, enaltecer a riqueza cultural de seu estado, Mato Grosso. Além disso, a obra “O Homem Algodão”, da escritora Anna Maria Ribeiro Costa, foi de extrema relevância para sua produção artística. Essa leitura resultou em 30 obras em argila que compuseram sua primeira exposição individual, na Casa do Parque, em 2019.

O trabalho artístico de Nice Aretê é voltado para produção de máscaras, esculturas, totens e painéis, especialmente com temática indígena. Apesar disso, também teve uma fase em que intensificou a produção de potes, mas sem deixar de lado a inspiração dos grafismos indígenas, especialmente dos Kadiwéu, conhecidos como “índios cavaleiros”, da região do Pantanal. Para ela, “é o design mais bonito que já vi dentro dos grafismos indígenas”. Em sua fase mais recente, em 2020, Nice se dedicou à produção dos potes com inspiração nos grafismos dos Kadiwéu.

Com seu ateliê em Cuiabá, atualmente, Nice Aretê é a articuladora do Coletivo Ceramistas do Mato. Suas obras já foram e estão expostas em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, São Paulo, Belo Horizonte, Inglaterra, Austrália e também estiveram na exposição Contemporary Ceramic Exhibition Brazil and England.

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