Além de várias ações, como oficinas e o tour noturno, a imersão visual ganha vida com a exposição assinada pelo cuiabano Carlos Pina
Junho chegou e o Museu de Arte Sacra de Mato Grosso (MAS-MT) preparou, mais uma vez, uma programação intensa e diversificada. Um dos pontos altos é a mostra da segunda exposição individual do artista cuiabano Carlos Pina, intitulada “Cuiabá 306 Anos: História, Arte e Cultura”.
O artista celebra os mais de três séculos da capital mato-grossense por meio de uma imersão visual e sensível nas camadas de sua história e cultura. Com curadoria do professor e historiador, Acir Montecchi, a exposição é protagonizada por um artista cuja trajetória se entrelaça com os afetos, as memórias e as múltiplas formas de ver e viver Cuiabá. “As obras aqui expostas percorrem diferentes temporalidades, recompondo cenas que remetem do período colonial ao século XX. Em certos momentos, aproximam-se da cidade modesta, de ruas estreitas, rica em história, cultura e beleza natural — a mesma que o pintor e viajante naturalista Hércules Florence testemunhou ao passar pela Cuiabá do século XIX, durante a Expedição Langsdorff. A linguagem artística de Pina, condensada nesta exposição com potência singular, nos permite conhecer e celebrar 306 anos da dinâmica de uma cidade em movimento — entre passado e presente —, traçada com os contornos da poesia visual”, comenta Acir.
Como pontua a diretora executiva e curadora do MAS-MT, Viviene Lozi Rodrigues, a exposição irradia o sentimento de pertencimento dos cuiabanos, inclusive, daqueles que chegaram aqui há algumas décadas. “As obras nos fazem reconhecer a nossa terra, nos reconhecer em Cuiabá”, afirma Viviene.
Serão apresentadas trinta obras produzidas especialmente para esta exposição, além de duas instalações que ampliam a experiência sensorial do público. “As técnicas utilizadas evidenciam a versatilidade e a sensibilidade do artista: aquarela com café, pigmentos naturais e grafite sobre papel kraft; marcadores permanentes sobre azulejos e pirogravura. A diversidade de materiais e suportes estabelece um diálogo direto com a pluralidade da própria cidade retratada”, antecipa Viviene.
Entre os destaques, Pina relembra, em um de seus trabalhos, as festas na casa de Dona Bem-Bem, ou Constança Figueiredo, figura emblemática da sociedade cuiabana, conhecida por organizar tradicionais festas de santo, especialmente as de São Benedito, durante as décadas de 1970 e 1980. A Casa de Bem-Bem, localizada na Rua Barão de Melgaço, no Centro Histórico de Cuiabá, tornou-se um símbolo da cuiabania e foi reconhecida como patrimônio histórico, reforçando a importância da cultura festiva no imaginário da cidade.
Para além das obras bidimensionais, a mostra integra duas instalações especiais: a primeira homenageia o mestre artesão Alcides Ribeiro, referência no saber tradicional da viola de cocho, instrumento símbolo da musicalidade regional e declarado patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 2004. “A instalação conduz o público por uma imersão no processo de confecção da viola, revelando o ofício artesanal que sustenta este bem cultural de rara expressividade”, conta Viviene.
Já a segunda instalação apresenta o figurino do grupo de Siriri Flor de Atalaia, com estampas ilustradas por Carlos Pina. As vestimentas resgatam a força da cultura popular ao estamparem representações das igrejas históricas de Cuiabá, reconhecidas como patrimônio histórico nos níveis federal e estadual, tais como: Nossa Senhora do Bom Despacho, Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, Nosso Senhor dos Passos, São Gonçalo do Porto e Nossa Senhora Auxiliadora, além da viola de cocho. O diálogo entre a arte gráfica e o corpo em movimento dos dançarinos de Siriri revela o entrelaçamento entre cultura, arte, fé, tradição e identidade cuiabana.
“Esta exposição é minha homenagem à Cuiabá tricentenária. Que todos possam apreciar a riqueza histórica que ela testemunhou ao longo de três séculos. Quanto ao século XXI, como exceção, a última obra consiste em um urban sketching (desenho urbano) feito in loco no Centro Histórico de Cuiabá recentemente, representando a continuidade de uma história que presenciamos cotidianamente e que venham novos capítulos para “desenharmos” – se Deus permitir”, comenta Pina.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO PARA TODO O MÊS DE JUNHO:
DATA | HORÁRIO | ATIVIDADE | MINISTRANTE | VAGAS | PÚBLICO |
07 de junho | 6 horas (9h às 12h – 14h às 17h). | Reza a lenda – Oficina Itinerante de Teatralidade nas Lendas Regionais pernambucanas | Grupo Tapete Voador | 30 | Jovens acima de 18 anos e Idosos |
Dias 06, 13, 14, 20, 21 e 28 | Sessão Única
20h às 21h |
Tour Noturno
Últimas Sessões |
Equipe MAS-MT | Vagas Limitadas | Livre |
13 de junho | 8h ÀS 10h30 | Mediação e oficina de desenho a Mão Livre | Artista Carlos Pina | Exclusivo Escola | |
19 de junho | 14h às 17h | Abertura do 2º Encontro Urban Sketchers Centro-Oeste | Urban Sketchers Cuiabá | Livre | |
21 de junho | 9h às 11h | Oficina de enfeites juninos | Isabelly Nunes | 30 | Livre |
27 de junho | 19h às 21h30 | São João no MAS-MT | Entrada Gratuita | Livre | |
29 de junho | 10h às 12h | Oficina de Desenho em Azulejo | Carlos Pina | 20 | A partir de 15 anos |
FOTO CARLOS PINA