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“ELE É NEGRO, ELE É SANTO, É BONITO, VIVA SÃO BENEDITO”

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12 jun

“ELE É NEGRO, ELE É SANTO, É BONITO, VIVA SÃO BENEDITO”

A exposição “ELE É NEGRO, ELE É SANTO, É BONITO, VIVA SÃO BENEDITO”  em cartaz no Museu de Arte Sacra de Mato Grosso entre 25 de junho de 2023 e 04 de fevereiro de 2024, é uma homenagem da artista Rosylene Pinto à figura de São Benedito, cuja representação é frequentemente associada à resistência e à superação. Esse santo é conhecido na cultura popular como  padroeiro dos negros, dos cozinheiros e dos pobres.

A mostra apresenta uma coleção de obras em cerâmica, criadas com maestria, que celebram a vida do santo, ao mesmo tempo em que refletem a relação pessoal da artista com a figura de seu pai, seu Benedito, que era devoto de São Benedito.

Através da arte cerâmica, Rosylene Pinto nos transporta para um universo de devoção, fé e expressão cultural e nos convida a contemplar a história e a espiritualidade de São Benedito, um santo negro, venerado por sua santidade e amor incondicional.

Cada peça de cerâmica exposta é uma obra-prima cuidadosamente esculpida pelas mãos habilidosas da artista, transmitindo a riqueza e a diversidade da iconografia de São Benedito. As esculturas representam o santo em diferentes expressões, mostrando a sua presença marcante na cultura brasileira. Por meio de técnicas tradicionais e contemporâneas de cerâmica, Rosylene Pinto traz à vida a figura de São Benedito com uma sensibilidade única, capturando não apenas a sua imagem, mas também a sua mensagem de esperança e igualdade.

Ao percorrer a exposição, os visitantes têm a oportunidade de se conectar com a história de São Benedito e aprofundar seu conhecimento sobre a sua relevância na cultura afro-brasileira, além de nos convidarmos a refletir sobre a importância da diversidade étnica e religiosa na construção de nossa identidade nacional. 

A exposição “ELE É NEGRO, ELE É SANTO, É BONITO, VIVA SÃO BENEDITO” celebra a herança cultural afro-brasileira e destaca a necessidade de valorização e reconhecimento de figuras negras influentes em nossa história.

A sensibilidade artística de Rosylene Pinto, aliada à sua conexão pessoal com São Benedito através da figura de seu pai, traz à exposição uma profundidade e uma autenticidade única. Sua habilidade de dar vida à cerâmica revela-se em cada detalhe das esculturas, capturando a espiritualidade e a devoção que cercam São Benedito. 

Cuiabá, 09 de junho de 2023

Marcos Gontijo

Ele é negro, ele é santo, ele é bonito. Viva São Benedito!

De uma longa trajetória nas artes visuais (pintura, desenho, cerâmica, xilogravura), a querida Rosylene Pinto nos presenteia, neste ano, com seus Beneditos de barro, quase todos santos!
Conta-nos que o primeiro deles é a homenagem feita a seu pai, também Benedito, sentado à cama em estado de profunda devoção. Esta encantadora escultura de mais de cinco anos antecipa os gestos da artista no barro que virão a prosperar até sua recente produção. Olhos grandes, sobrancelhas grossas, lábios avolumados e, sobretudo, mãos e pés sobrestimados que garantem ao personagem as qualidades do trabalhador e da pessoa fincada na terra, firme em seus propósitos.
Ao mesmo tempo, a serenidade do rosto que veremos nos demais santos de Rosylene, por vezes se transmutando em ligeiro sorriso, conquistam nosso olhar e afeição. Serenidade, leveza, simplicidade e devoção, entre outras sensações, fazem brilhar nossos olhos ao contemplar suas peças.
Seus Beneditos em procissão ora carregam bebês, ora pães, flores ou peixes numa alusão aos milagres do santo, mas é como se extrapolassem a representação desse glorioso santo e dele reivindicassem a bondade e singeleza dos muitos Beneditos, não santos, deste mundo carente de cuidados.
Ainda haveria a acrescentar aqui, na condição de ceramista, o acerto de suas escolhas técnicas: da argila que, queimada, dispensa esmalte ou pintura acrílica nas partes do corpo à mostra, e que compõe delicadamente com as representações de tecidos e adereços como cordões, flores, pães e peixes.
Os gestos no barro, por sua vez, que não sendo e nem tampouco buscando algum realismo mais objetivo, produzem com muito pouco, ao contrário, os efeitos desejados a serem conferidos nos cabelos, nas dobras do tecido, nas escamas dos peixes e assim por diante.
Rosylene Pinto é uma ceramista que combina técnica e virtuosismo naquilo que já se consolidou como seu projeto poético, que nos facilita o imediato reconhecimento de suas peças cerâmicas. Seus Beneditos, por certo, sentir-se-ão honrados com essa linda homenagem que conta um pouco de sua própria história de vida mas também de sua jornada artística.

Cuiabá, 6 de Junho de 2023
Ludmila Brandão